Sr. e Sra. Smith | Série Review

A série original do Prime Video "Sr. e Sra. Smith", criada por Donald Glover e Francesca Sloane, representa uma abordagem refrescante em meio ao mar de revivals e reboots que inundam a indústria do entretenimento. Ao trazer a história do casal de espiões para os dias de hoje, Glover e Sloane mergulham profundamente na realidade contemporânea, criando personagens autênticos que se destacam em um cenário genuíno, especialmente através das filmagens realizadas em Nova York. Essa escolha de ambientação não só adiciona uma camada de autenticidade à narrativa, mas também estabelece uma conexão mais tangível entre os espectadores e o mundo dos Smiths.

Além disso, a série se destaca pela sua abordagem narrativa meticulosa. Em vez de depender de ação frenética a cada poucos minutos, Glover e Sloane optam por desenvolver os personagens de forma gradual, permitindo que os espectadores se aprofundem em suas complexidades e motivações. Essa abordagem mais contemplativa não apenas constrói uma base sólida para a trama, mas também prepara o terreno para momentos de intensidade que são verdadeiramente impactantes e satisfatórios quando ocorrem.

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Uma das grandes forças da série é a química entre os protagonistas, reminiscente do filme original estrelado por Brad Pitt e Angelina Jolie. Donald Glover e Maya Erskine entregam performances cativantes que capturam a essência do relacionamento complicado entre os Smiths, infundindo cada cena com uma energia magnética e uma tensão irresistível. Essa dinâmica entre os personagens principais é complementada por um elenco de apoio de alto calibre, incluindo talentos como, John Turturro, Paul Dano, Parker Posey, Wagner Moura, Sarah Paulson e Michaela Coel, que elevam ainda mais o nível da produção.

A série não se contenta em simplesmente recontar a história conhecida, mas também oferece novas nuances ao universo dos Smiths. Elementos como a agência misteriosa pela qual trabalham e a complexidade das missões que enfrentam adicionam profundidade à narrativa e mantêm os espectadores intrigados a cada episódio. O que pode ser considerado clichê do gênero espião, a agência misteriosa e seus comandos provindo de uma máquina, ainda faz sentido aqui, e pede mais atenção; principalmente quando somos deixados como os protagonistas, sem nenhuma informação adicional sobre a agência.

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O final da temporada, embora possa parecer frustrante à primeira vista, é na verdade mais uma escolha inteligente dos criadores, pois abre portas para uma expansão criativa do universo da série em futuras temporadas. "Sr. e Sra. Smith" de Donald Glover e Francesca Sloane se torna rapidamente uma adição bem-vinda ao cenário televisivo atual, combinando uma narrativa envolvente com performances excepcionais e uma visão moderna e inteligente do material fonte, com algumas zonas não exploradas, talvez, por hora.

A única observação que gostaria de fazer diz respeito a um detalhe musical que, por vezes, me desconectou da experiência da série. Embora a trilha sonora seja composta por uma seleção de músicas contemporâneas e clássicas que enriquecem as cenas de ação, suspense e romance, notei a presença de um tema de duas notas em diversas composições de David Fleming que me lembraram o trabalho de Ludwig Göransson para Oppenheimer. Essa semelhança chamou minha atenção sempre que essas duas notas surgiam, levantando questionamentos em minha mente. No entanto, não vejo necessariamente isso como uma cópia, mas sim como uma possível coincidência ou inspiração – o que não deixa de ser algo comum na indústria criativa.