Avatar | Expansão de universo, possível troca de diretor, Marvel, DC e declínio das trilogias

Em recente entrevista ao Collider, o diretor James Cameron revela a sua vontade de ir além com a franquia de filmes dos alienígenas gigantes e azuis, cogitando até mesmo a possibilidade de passar adiante a direção dos filmes a um cineasta de critério. Revela também que planos para Avatar 5 já estão no papel.

Mal cheguei a absorver a sequência do filme de 2009 ("Avatar") e já se fala em expansão de universo. No entanto, é importante notar que O Caminho da Água, ao contrário do primeiro filme, clama por uma continuação por suas circunstâncias. Quem pediu pela continuação do primeiro Filme, porém, continua um mistério para mim.


A expansão de Avatar em mais 4, 5 ou 6 filmes, sendo todos em 3D, pode parecer um exagero. Contudo, vindo do diretor da sequência de "O Exterminador do Futuro" e do "Titanic", um diretor que incorpora consistentemente avanços tecnológicos na produção de seus filmes, tornando-os referência e detentores de patentes, eu digo sem medo que Avatar é apenas o seu plano de aposentadoria para os próximos cinco ou seis anos. 

Abraçar uma franquia durante anos pode ser o desejo de muitos cineastas autorais, principalmente hoje em dia, já que o mais óbvio dos investimentos costumava ser as trilogias. Sabemos de onde vem essa influência, que mais parece advinda de especulação mercadológica dos anos 2000, quando A Marvel, que sabe bem o monstro que criou, fez suas primeiras incursões em filmes de heróis (na casa da raposa) sem qualquer aparente pretensão de expandir além da atual infame trilogia. 

Nem mesmo a DC previa tamanha complicação. Fora pega no pulo, dormindo no ponto, devagar ou rápida demais em sua investida de serializar, que entre um lançamento de filme e outro ainda se debate e briga consigo mesma, vezes apostando em filmes solos para os seus heróis ou tentando conciliar estes mesmos em um só pacote saturado de ingredientes. E continua. Eles apostam em "The Batman" de Matt Reeves, a grande unanimidade bem-sucedida da casa, que, até onde sabemos, calha de ser uma futura trilogia.

Diretor Matt Reeves no centro (Crédito: Jonathan Olley/DC Comics)

Nos últimos anos, o formato de trilogia de filmes tornou-se menos popular por vários motivos. Uma razão é que o custo de produção de uma trilogia pode ser proibitivamente alto, especialmente se o primeiro filme da trilogia não for um sucesso comercial. Isso ocorre porque os estúdios costumam investir pesadamente em trilogias, na expectativa de que os filmes posteriores recuperem os custos do investimento inicial. Se o primeiro filme não tiver um bom desempenho, pode ser difícil para o estúdio justificar continuar investindo na franquia.

Outra razão para o declínio das trilogias é que a indústria cinematográfica se tornou cada vez mais focada em franquias com vários filmes independentes, em vez de uma narrativa contínua. Essa mudança é parcialmente impulsionada pelo sucesso de franquias como o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), que consiste em filmes independentes conectados por meio de um universo compartilhado. 

Essa abordagem permite que os estúdios façam filmes individuais que podem ser independentes, enquanto ainda fazem parte de uma franquia maior.

Além disso, a indústria cinematográfica também se tornou mais focada em streaming e distribuição digital, o que levou a um aumento na produção de séries de televisão e outros conteúdos de formato longo. Essa mudança levou a um declínio na popularidade das trilogias, já que estúdios e plataformas de streaming priorizam a produção de conteúdo serializado em vez de filmes ou trilogias independentes.

Diretor James Cameron (Crédito: REUTERS/Lucy Nicholson)

Embora Cameron possa ter sido influenciado pelas mudanças nas condições de mercado da indústria cinematográfica, é importante reconhecer que, como diretor, ele opera em um nível diferente. Cameron é conhecido por criar filmes altamente planejados e meticulosamente elaborados, e a duração de três horas dos seus filmes se torna até mesmo uma exigência sensata. Mas a pergunta que fica é: até que ponto ele sustenta a magia?

Por quanto tempo Cameron consegue levar o grande público às salas de cinema? Quanto tempo demora até que as pessoas se cansem de deixar suas casas para procurar por vagas no concorrido estacionamento do shopping center onde estão localizadas as maiores salas de cinema? A maioria faz reserva de ingresso online, ou ainda têm quem pegue filas e mais filas de ingresso, comidas e bebidas, em vez de simplesmente esperar pelo lançamento doméstico dos filmes para que, então, possam assistir no conforto de suas casas.

À medida que a indústria cinematográfica evolui, é provável que a forma como as pessoas acessam e consomem filmes também continue a mudar.

Abaixo algumas falas do cineasta em entrevista para Collider.

Foto: 20th Century Studios/via Total Film
Fizemos captura de performance por um ano e meio, depois fizemos mais de um ano de fotografia live action. Acho que o ponto mais baixo foi quando todos nós ficamos presos, o mundo inteiro ficou preso. Todas as nossas prioridades de repente não significavam o que pensávamos.

Diz o diretor sobre os desafios encontrados na pandemia.


E trabalhando por alguns anos em um filme que pode não ter cinemas para ser exibido. E então, lentamente, vendo a indústria se recuperando, construindo o otimismo e a confiança de que haverá cinemas para exibir o filme. E acho que se tivéssemos lançado antes não haveria esperança de lucratividade. No momento estamos um pouco no limite porque ainda não voltamos totalmente. Estamos em cerca de 80%. Além disso, bem, que diabos, só temos que ser melhores. Nós apenas temos que ser um filme melhor!

Sobre a possibilidade de entregar o comando dos filmes para outra pessoa ele diz:
Eu acho que há muitos bons cineastas por aí e muitos bons cineastas que entendem como fazer CG e animação e construção de mundo e todo esse tipo de coisa. Acho que o que eu procuraria seria alguém que estivesse disposto a ser humilde antes do ofício específico de como você faz um filme desses, porque nos levou neste ponto, 15, 16 anos para descobrir e ainda estamos aprendendo no dia a dia.
Portanto, levaria tempo para transferir esse conhecimento. Mas eu acho, em relação ao estúdio que está escrevendo esses cheques maciços para criar este mundo, este mundo persistente, acho que é bom termos pelo menos algum tipo de plano para entregar isso. Ninguém vive para sempre e posso ficar doente. E eu não quero que seja esse o caso, obviamente eu quero fazer todos os cinco [filmes] eu mesmo. Mas acho que seria bom ter algum tipo de plano para poder entregar as rédeas."


Cameron está trabalhando em multiplos filmes de Avatar simultaneamente durante todo esse tempo. Filmes estes que serão lançados nos próximos anos. Embora os detalhes da trama tenham sido mantidos em segredo, está claro para mim que eles continuarão a explorar os temas do ambientalismo e as consequências das ações humanas no mundo natural.

A dedicação e o esforço que Caremon colocou na franquia são certamente impressionantes. A quantidade de dinheiro investido nos filmes também é astronômico, mas dado o sucesso do primeiro filme e o impacto positivo que teve na consciência ambiental, pode-se dizer que valeu a pena.

No geral, além da vasta contribuição tecnológica, a captura de movimento usada também para personagens como Thanos e Hulk nos mais recentes filmes da Marvel, por exemplo, os filmes Avatar servem como um poderoso lembrete da necessidade de proteger e preservar o planeta Terra para as gerações futuras. Seja você fã dos filmes ou não, não há como negar o impacto que eles tiveram na conscientização sobre a importância da preservação ambiental.

Sem dúvida deve haver motivo maior para o público se importar com uma franquia por mais tempo. Afinal, o filme e sua história devem transcender a sua tecnologia. Ou será a tecnologia de Avatar o único fator motriz capaz de levar as pessoas aos cinemas?




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