Os Segredos de Saqqara (Netflix)

Depois de encontrar uma tumba intocada por mais de quatro mil anos, uma equipe de arqueólogos egípcios trabalham para decifrar os seus mistérios.

Eu comecei a assistir este que terminei em dois dias — o que não é ruim, mas entendo como sinal de cansaço, devido ao ritmo arrastado que se dá entre uma descoberta e outra. Voltei a assistir por causa do meu interesse no tema, e encontrei algo especial envolvendo a relação trabalhista do povo local.

Logo de início eu identifico a vontade dos realizadores de dramatizar o cotidiano de certas figuras locais, entre um Ramadã e outro, tendo como foco o seu trabalho nas tumbas de Saqqara. A perspectiva dos escavadores quer ser a nossa perspectiva.

Além de método de trabalho, sua agenda, plano de ação em campo, um dos conflitos narrativos diz respeito ao incentivo do governo para as escavações, que pode ou não estender-se cronologicamente, dependendo do tamanho do achado na escavação paralela à escavação principal. O Doc é todo construído sob tal expectativa, com legendas anunciando a chegada do rito ("Ramadã"), e com ele o fim ou a prorrogação dos trabalhos nas escavações. Daí o cansaço.

Contudo, aqui, os arqueólogos e cia estão em casa, escavando por direito o passado dos seus, que ainda lhe diz respeito. Entre as suas descobertas, o Doc ilustra de forma pontual alguns dos mitos egípcios para fins didáticos, sem nunca perder o aspecto humano, o que considero especial. O olhar em particular de uma arqueóloga, responsável pela análise das ossadas da tumba principal, resume bem o respeito e a proximidade que têm com os seus.

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